Caso Igor Peretto: Justiça manda soltar viúva de comerciante morto após descobrir traição; irmã e cunhado vão a júri popular
Caso Igor Peretto: entenda o assassinato do comerciante que descobriu traição A Justiça de Praia Grande, no litoral de São Paulo, mandou soltar Rafaela Cost...

Caso Igor Peretto: entenda o assassinato do comerciante que descobriu traição A Justiça de Praia Grande, no litoral de São Paulo, mandou soltar Rafaela Costa da Silva, viúva do comerciante Igor Peretto, assassinado a facadas dentro do apartamento da irmã. Segundo a decisão, obtida pelo g1, a mulher não teve participação direta no homicídio. Em contrapartida, a Justiça determinou que Marcelly Peretto e Mario Vitorino, irmã e cunhado da vítima, sejam submetidos ao júri popular pelo crime. Igor foi assassinado no dia 31 de agosto de 2024. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou Rafaela (viúva), Marcelly Peretto (irmã por parte de pai) e Mário Vitorino (cunhado) por premeditar o crime, alegando que a vítima era vista como um "empecilho no triângulo amoroso" formado entre eles. Em decisão publicada nesta quinta-feira (16), o juiz Felipe Esmanhoto Mateo desclassificou Rafaela da denúncia, alegando que a acusada não estava no apartamento no momento do crime e as provas colhidas durante o processo não foram suficientes para constatar que ela teve participação no assassinato. Ele mandou expedir um alvará de soltura para a acusada, que, segundo o advogado Yuri Cruz, deve ser liberada da prisão ainda nesta sexta-feira (17). Rafaela Costa, viúva do comerciante Igor Peretto, deve ser solta. Ela tem um filho com a vítima Redes sociais ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. De acordo com o juiz, não há elementos que sustentem a tese de premeditação, em que Rafaela teria ligado para Mario enquanto ele estava com Igor para fazer ciúmes no marido e atraí-lo ao apartamento. "Verificou-se que teriam ocorrido brigas e discussões entre as pessoas presentes no apartamento (local que não estava Rafaela), o que enfraquece a tese do acusatória de que a vítima teria sido atraída pela Ré Rafaela ao local e que, ao chegar, teria sido atacada de surpresa pelo Réu Mario", argumentou Mateo. Segundo a decisão, a polícia também não encontrou indícios de que Rafaela, Marcelly e Mario formassem um trisal, mas sim um triângulo amoroso, com relação cruzadas. Além disso, a tese de motivação econômica, apesar de investigada, não foi comprovada. "Importante esclarecer que o simples fato de existirem elementos suficientes para o recebimento da denúncia não implica, de forma automática, na pronúncia da acusada. É imprescindível que a instrução processual produza provas mais consistentes e idôneas a corroborar a imputação, o que, no presente caso, não se verificou", explicou Mateo. Apesar disso, o juiz afirmou que a conduta de Rafaela após o assassinato é indício de eventual crime diverso não doloso contra a vida (eventualmente, o crime de favorecimento pessoal). Isso porque ela teria encontrado Marcelly e Mario em outra cidade e auxiliado na fuga e esconderijo do homem, que permaneceu foragido por um tempo. No celular de Rafaela, inclusive, foram encontradas pesquisas na internet feitas após a morte. Uma das buscas foi por destinos, mas a viúva afirmou ter procurado opções quando ainda não sabia que Igor tinha sido assassinado. A polícia ainda encontrou uma pesquisa sobre em "'quanto tempo o corpo demora a feder?". No entanto, Rafaela nega que a busca tenha sido feita por ela. Pronúncia de cunhado e irmã Na mesma decisão, o juiz Felipe Esmanhoto Mateo determinou a pronúncia de Mario e Marcelly para que eles fossem submetidos a júri popular pelo crime de homicídio triplamente qualificado: por motivo torpe (relacionamento entre os acusados), meio cruel (diversos golpes de faca) e recurso que dificultou a defesa (vítima desarmada e atacada por pessoa de seu relacionamento próximo). Até o julgamento, a dupla deve permanecer em prisão preventiva. "Ambos estariam no apartamento no momento dos fatos. Consta, ainda, que Marcelly e Mario teriam, juntos, deixado o local. Tais indícios de autoria atingem o standard probatório mínimo exigido para a decisão de pronúncia", explicou Mateo. O juiz disse que manteve as qualificadoras citadas pelo MP-SP, mesmo que ainda seja escassa a tese de motivo torpe por um suposto relacionamento entre Mario, Rafaela e Marcelly. Isso porque o Superior Tribunal de Justiça (STJ) só admite a exclusão de qualificadoras quando “manifestamente improcedentes ou descabidas, sob pena de afronta à soberania do júri”. Rafaela Costa saiu do prédio momentos antes da morte do marido Polícia Civil e Redes Sociais O que dizem as defesas? Em nota, o advogado Yuri Cruz, que defende Rafaela Costa, disse que recebeu com "serenidade e senso de justiça" a sentença que desclassificou a imputação originalmente formulada contra Rafaela e determinou expedição do alvará de soltura. "Durante a instrução criminal, a defesa conseguiu demonstrar de forma inequívoca que as provas produzidas não sustentavam a acusação de homicídio doloso com relação a Rafaela. Trata-se do reconhecimento judicial da verdade dos fatos, alcançado após um trabalho técnico intenso e cuidadoso, realizado em meio à forte repercussão e pressão midiática", pontuou. O advogado Leandro Weissman, que representa Marcelly Peretto, afirmou que a defesa considerou a decisão equivocada e contraditória. "O juiz, ao fundamentar sua decisão, apontou que a presença de Marcelly em sua própria casa e sua saída com o outro acusado após a ocorrência do crime seriam suficientes para justificar seu encaminhamento a júri popular. No entanto, é crucial destacar que a relação amorosa mencionada na denúncia foi rechaçada ao longo do processo, bem como a suposta motivação financeira", afirmou. De acordo com ele, o contexto se torna ainda mais evidente considerando que Rafaela foi absolvida das acusações. "A defesa reitera que a análise das provas e dos detalhes do caso não sustentam a decisão tomada. Acreditamos firmemente na importância de uma avaliação rigorosa e criteriosa dos fatos para que a verdade prevaleça", disse, informando que seguirá na luta pela defesa de Marcelly e preservação dos direitos dela. O advogado Mario Badures, representante de Mario Vitorino, disse que analisará a decisão de pronúncia antes de se manifestar. "A única questão que a defesa desde já pode adiantar é que iremos recorrer em todas as instâncias, se necessário, para que as qualificadoras sejam afastadas, principalmente a do motivo torpe em razão da inexistência do 'trisal'", afirmou. Acusação O advogado Felipe Pires de Campos, assistente de acusação que representa a família de Igor Peretto, informou que pretende entrar com recurso contra a sentença que favoreceu a viúva. "A família de Igor Peretto mantém plena confiança na Justiça e no trabalho do Ministério Público e da assistência de acusação, convicta de que o recurso que será interposto trará a ré Rafaela de volta ao processo principal, permitindo que todos os responsáveis pela morte de Igor respondam de forma justa e integral pelos seus atos", afirmou. Mario Vitorino, Marcelly Peretto e Rafaela Costa foram presos por envolvimento na morte de Igor Peretto Polícia Civil O crime O crime aconteceu em 31 de agosto, no apartamento de Marcelly Peretto. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato. Segundo os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. O advogado de Marcelly ainda disse que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento. Igor Peretto foi morto a facadas e teria ficado tetraplégico [sem movimento do pescoço para baixo] se tivesse sobrevivido. A informação consta em laudo necroscópico obtido pelo g1. Igor Peretto, irmão do vereador de São Vicente (SP), Tiago Peretto (União Brasil), foi morto a facadas em Praia Grande Reprodução/Redes Sociais e Thais Rozo/g1 Últimas imagens de Igor Cronologia da morte do comerciante Igor Peretto: tudo que se sabe da descoberta da traição à morte Reprodução O g1 teve acesso às últimas imagens de Igor com vida. Os vídeos mostraram os três suspeitos e a vítima chegando ao apartamento onde ocorreu o crime. Primeiro chegaram Marcelly e Rafaela, mas a viúva deixou o apartamento antes de Mario aparecer com Igor. De acordo com os registros de câmeras de monitoramento, a viúva e a irmã do comerciante chegaram de carro na rua do apartamento dela às 4h32 de 31 de agosto, sendo que o registro da entrada no prédio foi às 4h38. Dois minutos depois, elas são vistas abraçadas e rindo no elevador. As imagens mostraram que uma hora depois da chegada, Rafaela apareceu sozinha no elevador e foi embora do prédio. Em um minuto, ela saiu do prédio, entrou no carro e deixou o local. O tempo entre a saída dela e chegada da vítima foi de apenas 13 segundos. 05:42:27 - Rafaela foi vista saindo de carro 05:42:40 - Mario e Igor estacionaram na mesma rua Às 5h43, Igor foi visto entrando no prédio com Mario pela entrada social. Eles também foram vistos no elevador, onde a câmera flagrou uma discussão. A última vez que Igor foi visto com vida foi às 5h44, quando deixou o elevador com o cunhado e seguiu para o apartamento. Mario e Marcelly deixam o local juntos por volta das 6h05. O casal desceu pelas escadas, foi até o subsolo e deixou o prédio a pé pela garagem. De lá, os dois foram de carro para o apartamento de Mário, que fica a poucos quilômetros de distância do local do assassinato. Eles chegaram ao prédio às 6h11, ficaram aproximadamente cinco minutos e saíram segurando bolsas e outros objetos. O g1 não teve acesso a essas imagens. Casais (Mário e Marcelly, à esq. e Igor e Rafaela, à dir.) moravam próximos em Praia Grande (SP) e se encontravam com frequência Redes Sociais Prisão Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto Reprodução e Redes sociais As mulheres se entregaram e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês. O trio havia sido preso temporariamente em setembro e, no início de outubro, a prisão temporária foi prorrogada. A Justiça de Praia Grande (SP) converteu as prisões do trio, de temporárias para preventivas, após a denúncia feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez, do MP-SP. Trio acusado de envolvimento na morte de Igor Peretto chega a fórum para audiência VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos