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Acusado de assédio sexual, secretário municipal de Guarujá pede para deixar o cargo

Paulo Henrique Siqueira pediu exoneração do cargo de secretário de Comunicação Social de Guarujá Arquivo Pessoal O publicitário Paulo Henrique Siqueira p...

Acusado de assédio sexual, secretário municipal de Guarujá pede para deixar o cargo
Acusado de assédio sexual, secretário municipal de Guarujá pede para deixar o cargo (Foto: Reprodução)

Paulo Henrique Siqueira pediu exoneração do cargo de secretário de Comunicação Social de Guarujá Arquivo Pessoal O publicitário Paulo Henrique Siqueira pediu exoneração do cargo de secretário de Comunicação Social após ser acusado de assédio sexual por uma funcionária da Prefeitura de Guarujá, no litoral de São Paulo. Assinada nesta segunda-feira (29) pelo prefeito Farid Madi (Pode), a portaria com a medida foi publicada nesta terça (30) no Diário Oficial da Cidade. Siqueira nega as acusações. A servidora fez denúncia formal à Ouvidoria Municipal no dia 19 de dezembro, quatro dias depois do episódio mais recente de assédio que alegou ter sofrido. No dia 22, ela registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e foi pessoalmente à Delegacia Sede de Guarujá. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp. Em nota oficial e sem mencionar o ex-secretário nem a servidora, por questão de "sigilo", a Prefeitura informou ter aberto "imediatamente" um processo administrativo, iniciado na segunda-feira (22) e publicado pela Advocacia-Geral do Município na terça (23). A reportagem apurou que responderá interinamente pela secretaria a jornalista Marina Cavalcante, funcionária comissionada (não concursada) da prefeitura. A servidora continua nomeada pela prefeitura como assistente, mas transferida para outro setor da administração. Paulo Siqueira disse que as acusações são falsas e que, no sábado (27), registrou boletim de ocorrência na Delegacia Sede de Guarujá por calúnia. "Nada aconteceu", disse (leia mais adiante). Veja os vídeos que estão em alta no g1 A denúncia No boletim de ocorrência, a que o g1 Santos teve acesso, a denunciante disse que trabalha na Secretaria de Comunicação de Guarujá desde março, em funções administrativas. Depois, passou a atuar diretamente com Paulo Siqueira. "Após cerca de um mês de convivência profissional direta, o [...] secretário passou a adotar condutas reiteradas de cunho sexual, consistentes em comentários sobre seu corpo, vestimenta e aparência física", descreve o documento. O texto menciona também declarações da servidora segundo as quais teria havido "insinuações e pedidos inadequados, inclusive exigindo cumprimentos com beijo e tentando beijá-la no ambiente de trabalho". A servidora declarou que esses comportamentos se repetiram, "inclusive na sala do secretário, mesmo após [...] manifestar expressamente seu desconforto e solicitar que cessassem". Segundo ela, os atos ocorreram diante de outras pessoas e "de forma reservada, gerando medo, constrangimento e abalo emocional". "Emocionalmente afetada" O episódio mais grave teria ocorrido no dia 15 de dezembro, quando, ao final do expediente, Siqueira teria insistido para a servidora "girar o corpo para observação de suas vestimentas, proferindo comentários de cunho sexual". Por isso, conforme o boletim de ocorrência, ela "passou a sentir-se emocionalmente afetada, impotente e temerosa". A servidora prestou informações semelhantes na denúncia que fez à Ouvidoria. "Quando eu contei para algumas pessoas que eu estava trabalhando diretamente com o novo secretário, me falaram para tomar cuidado, pois ele tinha um histórico de que assediava as mulheres", conforme o documento. Ela acrescentou ter aceitado trabalhar com Paulo Siqueira por não estar "satisfeita" com um gerente da secretaria, não especificado. "O secretário [Siqueira] me deixou super à vontade, me deu liberdade de confiar nele, pediu meu Instagram pessoal, e eu passei. Mais ou menos em um mês que eu estava trabalhando diretamente com ele, ele começou a soltar umas gracinhas sobre minhas fotos de biquíni no Instagram." Após "uns dias, ele veio comentar comigo que, se eu não gostasse das 'brincadeiras' dele, era para eu falar, e eu falei, [...] que era para ele me respeitar, e ele disse 'tudo bem', porém nada mudou". A funcionária declarou que "não tenho mensagens, pois todos os pedidos e comentários eram feitos pessoalmente", mas "alguns dos comentários têm testemunhas". Paço Municipal de Guarujá (SP) Divulgação/ Prefeitura de Guarujá Prefeitura de Guarujá A portaria com a exoneração, a pedido, de Paulo Siqueira justifica a medida com a abertura da sindicância, para que "os trabalhos investigativos se desenvolvam de forma íntegra, imparcial, técnica e equidistante, sem qualquer interferência direta ou indireta". O pedido de exoneração, como prossegue a portaria, "configura medida cautelar, de natureza administrativa, não punitiva, adotada exclusivamente para resguardar o interesse público" e "preservar a imagem funcional do próprio agente, assegurando-lhe ambiente adequado para o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, em consonância com o princípio constitucional da presunção de inocência". O acusado Paulo Siqueira disse que a denunciante trabalhava como sua "secretária particular" e que havia com ela somente "cumprimentos de rosto, de beijo". "Essa manifestação [a denúncia] veio do dia para a noite. Ela não conversou com ninguém, nem comigo." Ele declarou ter tomado a decisão após conversar com o prefeito no último fim de semana. "Estou aqui para defender sua imagem [do Governo]. Tenho que cuidar da minha agora", afirmou ao g1. "É uma acusação muito grave, que nunca tive em 28 anos de vida pública e em seis secretarias". O ex-secretário acrescentou que será ouvido em 7 de janeiro pela prefeitura, em razão da sindicância. "Houve movimentação política, e vou provar isso", comentou, ao apontar que três testemunhas que estariam dispostas a se pronunciar não seriam servidores da secretaria, mas de uma empresa terceirizada que atua na Administração. Paulo Henrique Siqueira, de 51 anos, nasceu em São Paulo e ocupou cargos como o de secretário municipal de Administração e na pasta de Governo na Prefeitura de Peruíbe. Ele atuou na gestão da então prefeita Ana Maria Preto (2013-2016). Siqueira concorreu a vereador em Peruíbe em 2008 e em 2024, primeiro pelo PT e depois pelo Podemos, sem sucesso. Desde janeiro, estava na Prefeitura de Guarujá, inicialmente como secretário adjunto de Comunicação e, a partir de junho, como titular da pasta. Casado há 17 anos, tem quatro filhos. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos